António Fernandes de Sá 1874-1959
António Fernandes de Sá nasceu em Avintes, Vila Nova de Gaia, a 7 de Novembro de 1874.
Na infância acompanhava o pai até à oficina de marmorista e fundidor de trabalhos em gesso na antiga Rua dos Lavadouros, no Porto, rua que veio a dar lugar à Avenida dos Aliados.
Em 1888 inscreveu-se na Escola de Belas Artes do Porto onde frequentou os cursos de Arquitectura, Pintura, Escultura e Desenho Histórico e foi discípulo, entre outros, do mestre Marques de Oliveira, na disciplina de Desenho.
Em 1895, com Tomás Alberto de Moura, Eduardo da Costa Alves Júnior e Abel de Vasconcelos Cardoso concorreu ao pensionato do Estado no estrangeiro, na classe de Escultura. Depois de classificado em primeiro lugar, Fernandes de Sá seguiu até Paris em 1896.
Na capital francesa, onde sofreu a influência da obra de Auguste Rodin (1840-1917), frequentou a Academia Julien, na qual foi discípulo de Denys Puech (1854-1942); a classe de Escultura de Alexandre Falguière (1831-1900), na École des Beaux-Arts; e a classe de Desenho de Louis-Auguste Girardot (1856-1933), na Académie Colarossi. Foi admitido no Salon (1898) e participou na Exposição Universal de Paris (1900), mas não confraternizou com os artistas portugueses aí residentes, nem mesmo com o condiscípulo António Carneiro. O seu único companheiro foi o pintor Eugénio Moreira, com quem passou uns dias na Bélgica e na Holanda, na Páscoa de 1899.
Terminado o pensionato regressou a Portugal, em 1901. Casou com Lúcia de Araújo Lima, sua conterrânea, mulher culta e com vocação para o ensino, da qual teve três filhos: Manuel, António e Álvaro. No Porto, montou um atelier, na Rua Álvares Cabral.
Em 1902 enviou trabalhos para a Exposição de Belas Artes de Lisboa, sendo, de novo, premiado. No ano seguinte foi eleito Académico de Mérito da Academia de Belas-Artes do Porto.
Anos depois, em 1917, transferiu o seu atelier para a Rua da Constituição, localização mais próxima do Colégio Araújo Lima, propriedade da família da mulher. Nesta escola, participou na formação artística dos seus alunos e, após a morte da companheira, assumiu a direcção do estabelecimento de ensino.
A viuvez e a morte de Álvaro, o seu filho mais novo, isolaram-no do mundo.
Entre as principais obras de António Fernandes de Sá contam-se O Atirador do Arco, escultura com a qual atingiu o primeiro lugar no concurso a pensionista em 1896; O Rapto de Ganimedes, um conjunto de esculturas inspirado na obra La Sirene, de Puech, que alcançou uma menção honrosa no Salon de 1898, a medalha de bronze na Exposição Universal de 1900 e foi premiado na Sociedade Nacional de Belas-Artes, de 1902; Beija-flor, de 1898, propriedade do Museu de Alpiarça; Busto de António Cano, de 1900; o busto Desafio (1900), exposto no Salon e, depois, no Mónaco; O Beijo Materno (1901), prova final de curso em Paris e que hoje se encontra na Casa-Museu Teixeira Lopes; A Cabeça de Velha, com evidentes influências de Rodin, cuja versão em bronze foi comprada pelo governo francês e a versão de mármore se guarda no Museu Nacional de Soares dos Reis, no Porto; A Vaga, um gesso apresentado na Exposição Universal de Paris de 1900, influenciado por Falguière e que pertence ao espólio do Museu Nacional de Soares dos Reis, no Porto; Camões após o Naufrágio (1903), um mármore de Carrara, encomendado pelo Museu de Artilharia de Lisboa, mas que veio a ser depositado no Museu Nacional de Machado de Castro, em Coimbra; a estátua de Fernandes Tomás (1907), um bronze com 3 metros de altura, inaugurado na Figueira da Foz em 1911; a escultura para o Mausoléu do Visconde de Valmor (1905); o Busto do Marquês de Pombal (1906), com pedestal do arquitecto Korrodi, para Pombal; Virgem de Lurdes (oratório do Palácio do Visconde de S. João da Pesqueira); Busto de Clemente Menéres para o Cemitério de Agramonte, no Porto; o projecto desenvolvido em colaboração com o filho engenheiro-arquitecto, Manuel Lima Fernandes de Sá, destinado ao concurso para o monumento ao Infante D. Henrique, em Sagres, de 1934, o qual ficou classificado entre os cinco primeiros lugares.
Conta-se que António Fernandes de Sá foi um bom professor e que sempre guardou a mágoa de nunca ter leccionado na Escola de Belas Artes do Porto, como desejava. Foi um dos representantes centrais do ecletismo finesecular, apesar de não ter cumprido integralmente o seu auspicioso início de carreira.
Morreu na sua casa do Largo de Magarão, em Vila Nova de Gaia, a 26 de Novembro de 1959.
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