23/01/13

Escultura de Tomás Costa "António Nobre" 1926
Tomás Costa 1861-1932
Tomás de Figueiredo Araújo Costa nasceu em 1861 na freguesia de S. Tiago de Riba-Ul, concelho de Oliveira de Azeméis.
Em 1882 ingressou na Academia Portuense de Belas-Artes onde foi discípulo dos mestres Marques de Oliveira e Soares dos Reis e condiscípulo de António Teixeira Lopes.
Em 1885 concorreu ao lugar de pensionista do Estado, em Paris, juntamente com Teixeira Lopes e António Molarinho, tendo, para o efeito, apresentado a escultura "Catão preparando-se para a morte".
Venceu a competição e partiu para Paris. Na capital francesa estudou com Alexandre Falguière (1831-1900) e Antonin Mercier (1845-1916), esculpiu e participou em diversas exposições artísticas.
Em 1887 expôs no Salon a escultura "Dançarino", tida como a melhor obra da juventude do artista, e destinada a um espaço público de Lisboa. De facto, veio a ser adquirida em 1914 pelo Museu Nacional de Arte Contemporânea. Alcançou, também, uma menção honrosa num concurso de Ronde-Bosse com uma "Figura de Mulher".
No Salon do ano seguinte apresentou as peças "Dançarino" e o busto de "Mlle. Déchamps".
Na Exposição Universal de 1889 alcançou a terceira medalha com a obra "Dançarino". Em 1890 levou "David" e o busto de "Melo Viana" ao Salon, planeou para Macau um "Monumento a Vasco da Gama" (inaugurado em 1911) e venceu o concurso para o Monumento ao Duque de Saldanha, em co-autoria com o arquitecto Ventura Terra, autor do pedestal.
Este monumento a João Carlos Gregório Domingos Vicente Francisco de Saldanha de Oliveira Daun (1790-1876), 1.º conde, marquês e Duque de Saldanha, fora decidido por decreto em 1889 e veio a ser inaugurado em 1909 na Praça Duque de Saldanha, em Lisboa, pelo rei D. Manuel II, estando presentes descendentes do homenageado. As esculturas e os ornatos de bronze foram aplicados na obra na fundição de canhões do Arsenal do Exército, entre 1904 e 1907.
No Salon de 1891 Tomás Costa expôs "Eva".
Três anos depois disputou o concurso para o "Monumento ao Infante D. Henrique" lançado pela Sociedade de Instrução do Porto, com o projecto "Invicta" executado em Paris, levando a melhor sobre Ventura Terra, marques da Silva, Adães Bermudes e António e José Teixeira Lopes. As figuras foram aprovadas pelos mestres Falgueière e Boucher, fundidas em bronze na Fundição Barbedienne e transportadas de comboio para o Porto, à excepção de uma que acabou por ficar no Quai d’Orsay.
A primeira pedra deste controverso monumento foi lançada nas Comemorações dos 500 anos do nascimento do Infante, a 4 de Março de 1894, e a sua inauguração aconteceu a 20 de Outubro de 1900, por ocasião da visita dos reis D. Carlos e D. Amélia à cidade do Porto. O projecto inicial foi várias vezes alterado e alguns críticos viram na estátua do homenageado um pajem construído a partir de uma escultura do pórtico sul do Mosteiro dos Jerónimos.
Ainda em 1900 Tomás da Costa venceu a medalha de prata na Exposição Universal de Paris com a pintura "Nascente", também conhecida por "Fonte do Amor", e apresentou igualmente as esculturas "Na Floresta", "Fé Cristã" e a estátua do Infante D. Henrique (pormenor do monumento portuense).
No ano seguinte participou no concurso para o monumento a Sousa Martins.
Em 1906 apresentou no Salão Bobone as esculturas "Vénus Anadiomene", "Flor do campo", "Hebe" e os bustos da condessa do Cartaxo e de Mademoiselle J. C.
Seguidamente, participou na Exposição Nacional do Rio de Janeiro de 1908 com "Agricultura", "Hebe", "Vénus Anadiomene", "Cabeça de criança" e "David". Por seu turno, no concurso para o Monumento à Guerra Peninsular (1909), propôs a obra "Lusíadas", a qual recebeu uma menção honrosa. Nesta época tinha atelier no Edifício das Cortes, em Lisboa.
Por volta de 1910 produziu para o Palácio de S. Bento um busto da República, hoje pertença do Museu da Assembleia da República.
Na segunda década do século XX planeou um Monumento a Almeida Garrett, e associou-se à X Exposição da Sociedade Nacional de Belas-Artes (1913); em 1919 participou, ainda, num monumento a "Vasco da Gama" a ser edificado em frente dos Jerónimos.
Em 1925, com o seu tio António Augusto da Costa Mota, integrou a comissão executiva de fiscalização da construção do Monumento aos Mortos da Grande Guerra, em Lisboa, e, em 1927, viu ser inaugurado no Jardim João Chagas ("Jardim da Cordoaria"), no Porto, o busto de António Nobre, assente num plinto e decorado com motivos de Henrique Moreira.
Tomás Costa também projectou um monumento ao duque de Palmela, produziu um monumento ao Dr. António Maria de Senna exibido no Hospital do Conde de Ferreira, no Porto, e concebeu, a título gracioso, a figura alegórica da gravura para o túmulo do Visconde de Valmor, no Cemitério do Alto de S. João, mandado erigir pelo Grémio Artístico.
O escultor morreu em Lisboa no Sanatório da Ajuda, a 27 de Março de 1932.
Postumamente, o Estado comprou a sua escultura "David" (1935) e foram inauguradas duas estátuas de António Nobre da sua autoria, uma em Coimbra (1939), outra no Funchal (1941).